Santa Missa : A celebração do Sacrifício Perfeito

sábado, 31 de maio de 2014

Qual o problema de ouvir “Faz um milagre em mim”?


Há uma música que circunda nos meios evangélicos, chamada “Faz um milagre em mim”, cujo compositor é Regis Danese. No entanto, a música não se contentou em ficar famosa somente no meio protestante – como se a música se impusesse aos cristãos de outras denominações religiosas – e se proliferou. Faz-se ouvir o “Como Zaqueu…” dentro das igrejas católicas, em grupos de oração, em encontros de família e até mesmo em celebrações litúrgicas. Essa é a realidade: a música realmente se tornou sucesso entre muitos católicos.


No entanto, o que é hoje real difere muito do que realmente deveria ser. Nesse momento, mais uma vez precisamos traçar uma linha entre o real e o ideal. O real é isso o que vemos: católicos desprezando sua liturgia, seus cantos, sua cultura, para se protestantizarem, ou seja, incorporar elementos de outras religiões, para se satisfazerem, como se não bastasse os elementos da nossa Igreja. Os católicos preferem se afogar no mar da confusão que está presente no protestantismo, ao invés de continuarem sob a tutela do Sumo Pontífice, na barca de Pedro.

Lamentável. Mas tudo isso já foi profetizado por São Paulo há quase dois mil anos atrás: “Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” (2 Tm 4, 3-4). Por que rejeitar a nossa Liturgia e o maravilhoso canto gregoriano para ouvir uma música que às vezes nem mesmo canta o que cremos e vai diretamente contra o princípio da nossa fé? Esquecemo-nos muitas vezes do Lex orandi; Lex credendi e acabamos por incorporar em nossa fé elementos totalmente acatólicos.
  1. É que não conseguem diferenciar mais o ecumenismo, que consiste “[n]as atividades e iniciativas, que são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos” (Unitatis Redintegratio, 4), da afirmação sempre atual de Pio XI: “Não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo, dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela” (Mortalium Animos, 16). Promover o ecumenismo, portanto, não significa querer a unidade a qualquer custo. Precisamos sobretudo, no nosso empenho em promover a unidade, salvaguardar a pureza da fé católica, aquela pela qual todos devem se salvar, e fora da qual a salvação se torna praticamente impossível, mediante a consciência de sua fundação por Jesus Cristo.
    Contra essa iniciativa – de reafirmar a doutrina católica ante a tentativa dos modernistas em protestantizá-la – surge um artigo: “Faz um milagre em mim”: católicos se rendem e música gospel vira novo hit. Para o autor do texto, “o maior nome da Igreja Católica no Brasil” é Padre Marcelo Rossi. Começa aqui um erro terrível: nenhum leigo, padre, ou mesmo um bispo pode ser considerado autoridade maior que a de fato autoridade máxima da Igreja, aqui no Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, o Santo Papa. Essa tentativa de se instituir o homem como autor de sua própria fé – tendência que surge a partir da reafirmação do princípio da democracia – é totalmente contraditória ao princípio da unidade, defendido e valorizado por nossa Igreja.
    Mas, enfim, qual é o motivo pelo qual os católicos não deveriam ouvir a música protestante e, nesse caso mais especial, a música “Faz um milagre em mim”?
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    Para aqueles que ainda não ouviram a música – acho difícil – acima ela cantada. Quem a ouve uma vez, sem ler a letra, já identifica nela um erro absurdo. A música canta: “Quero amar somente a Ti”. O cristão que estuda a Bíblia e conhece a doutrina da Santa Igreja sabe muito bem que queremos verdadeiramente amar a Deus, mas não somente a Ele. O amor que temos para com Ele se desdobra no amor aos irmãos. Nesse sentido, amamos a Deus etambém aos irmãos, porque, exorta São João, “o que amar a Deus, ame também a seu irmão” (1 Jo 4, 21).
    Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo” (Caritas in Veritate, 3), adverte o Santo Papa Bento XVI, nome maior da Igreja no Brasil e no mundo. Músicas com letras cheias de inverdades são sentimentalistas. E o artigo do qual falamos anteriormente, ele próprio, que busca elogiar a música, acaba confessando isso, através da declaração de Rodrigo Plaça, cantor católico: “Quando escutam [as músicas evangélicas], as pessoas entram em uma espécie de transe, ficam emocionadas e colocam suas emoções para fora”. Quando o cantor fala em transe, está identificada uma característica de sentimentalismo, de caridade que não se fundamenta na verdade, senão em emoções espirituais vagas.
    Esse é um motivo pelo qual não cantamos e nem ouvimos “Faz um milagre em mim”. Mas, não somente ela, mas outras músicas evangélicas, porque, pelo fato das pessoas que as compuseram não crerem na nossa fé, a adição, na própria letra da música, de valores totalmente estranhos à fé católica e à integridade da mesma, não só pode acontecer, como muitas vezes é evidente. E mais: repugna-me a idéia de cantar a música de alguém que despreza de modo cruel os elementos da nossa fé. Regis Danese – sim, esse mesmo que canta o “Como Zaqueu…” – certa vez, em testemunho em uma igreja, assumiu que, ao entrar em uma igreja católica, gostaria muito de QUEBRAR as imagens de santos. A confissão está no vídeo abaixo, aproximadamente aos 5min30s:

Então, queremos realmente ouvir uma música composta por um iconoclasta? Queremos realmente continuar cantando “Quero amar somente a Ti…”, mesmo sabendo que provavelmente o compositor da música escreveu assim no propósito de rejeitar o amor católico à Virgem Maria e aos santos?
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Lendo mais profundamente o artigo que exalta a música de Regis Danese, observamos alguns pontos, os quais acho importante destacar e comentar:
Os católicos já perceberam a diferença e, aos poucos, estão se acostumando ao estilo gospel de música. Já foi o tempo em que as canções “Maria de Nazaré” e “Segura na Mão de Deus” eram os únicos sucessos nas missas. Hoje, os hits cantados nas celebrações são compostos por autores evangélicos, sem preconceito.
É. A realidade infelizmente é essa. Mas não deveria ser. A missa é um ato sagrado, no qual celebramos a Eucaristia, elemento indispensável para a vida do cristão em busca da salvação. Ótimo. Qual o mistério central da Missa? Justamente a Eucaristia, o mistério no qual Jesus Cristo se faz alimento espiritual para cada um de nós. Todos os elementos presentes na Sagrada Celebração (música, orações, leituras etc.) visam nos levar ao encontro de Jesus Eucarístico, visam louvá-Lo, glorificá-Lo e adorá-Lo com mais perfeição. A partir do momento em que eu introduzo, no contexto da celebração, músicas compostas sem exaltar a Eucaristia ou algo no que nós, católicos, cremos, esses elementos perdem seu sentido. Assim, da mesma maneira, quando começamos a cantar “sucessos” nas missas, e deixamos de cantar cantos que verdadeiramente tenham a intenção de glorificar a Deus no Santíssimo Sacramento do Altar, estamos dessacralizando a Santa Missa.
Além disso, revoltante a forma como o artigo caracteriza as músicas cantadas nas celebrações: chamam-nas de hits e sucessos, como se a Santa Missa fosse um show ou algo do tipo.
Atualmente, os estilos caminham para a unificação, segundo os próprios religiosos. “Hoje está acontecendo o uso comum das músicas porque as letras deixaram de fazer apologia a uma determinada religião e passaram a se voltar à mensagem do evangelho”, afirma o padre Juarez de Castro, secretário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo. As letras não citam mais termos religiosos típicos das missas – como a eucaristia, por exemplo.
E não deveria ser assim, como já deixei claro acima. Aliás, a mensagem do Evangelho não deveria ser considerada contraditória com a apologia à religião católica, uma vez que é no próprio Evangelho que está contida a base para a realidade de que Jesus Cristo fundou uma única Igreja, santa e católica. Essa mania de se excluir temas como Eucaristia, Virgem Maria, veneração aos santos, de músicas e elementos litúrgicos é lamentavelmente anti-católica. É uma tentativa – disfarçada, é claro – de colocar a caridade acima da verdade, sendo que é “só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida”(Caritas in Veritate, 3).
Estamos deixando de lado valores importantíssimos da nossa fé, como a Eucaristia, o amor e o culto à Virgem Santíssima para agradar a pessoas que não têm o mínimo de vontade de aceitar os dogmas da nossa Igreja. Estamos nos esquecendo da indagação do Apóstolo: “É, porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1, 10). Ser servo de Cristo significa obedecer à Vontade d’Ele e da Sua Santa Igreja. Ser servo de Cristo significa rejeitar e negar as “opiniões” do mundo que contrariam a nossa fé.
Estão observando a ideologia que está por trás de toda essa questão? A pergunta – se um católico deve ou não ouvir música protestante – envolve toda uma ideologia, linha de pensamento que promove a banalização da Sagrada Liturgia, com a qual felizmente não podemos compactuar.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/